Internacional
Vaticano: comissão pede regras claras para indenizar vítimas de abuso
A Igreja Católica precisa unificar as políticas de indenização às vítimas de abuso sexual por parte do clero, disse a Comissão de Proteção à Criança do Vaticano em seu primeiro relatório anual divulgado nesta terça-feira (29).
Durante décadas, a Igreja tem sido abalada por escândalos em todo o mundo envolvendo padres pedófilos e o encobrimento de seus crimes, prejudicando sua credibilidade e custando centenas de milhões de dólares em acordos.
A comissão enfatizou “a importância da indenização para as vítimas/sobreviventes, como um compromisso concreto com sua jornada de cura”, e se comprometeu a trabalhar “para que procedimentos padronizados e conhecidos sejam desenvolvidos de forma mais abrangente”.
O órgão disse que a indenização não é apenas financeira, “mas abrange um espectro muito mais amplo de ações, como o reconhecimento de erros, desculpas públicas e outras formas de verdadeira proximidade fraterna com as vítimas/sobreviventes e suas comunidades”.
Acrescentou que aprofundaria a questão das reparações em seu relatório no próximo ano.
O papa Francisco enfrentou algumas das críticas mais fortes já feitas contra ele em relação ao abuso do clero durante visita à Bélgica em setembro, quando o rei e o primeiro-ministro do país pediram ações mais concretas para as vítimas.
Este mês, uma cúpula do Vaticano de bispos do mundo todo terminou no sábado (26) com um texto final pedindo desculpas várias vezes pela dor “incalculável e contínua” sofrida pelos católicos que foram abusados pelo clero.
O relatório de terça-feira também pediu mais transparência, com maior acesso das vítimas aos documentos que lhes dizem respeito, uma divisão mais clara das funções entre os departamentos do Vaticano que lidam com abusos e uma punição mais eficaz dos infratores.
O relatório observou que as “ações e/ou omissões” passadas dos líderes da Igreja “foram fonte de danos adicionais às vítimas/sobreviventes de abuso sexual”, revelando a necessidade de “um processo disciplinar ou administrativo que forneça um caminho eficiente para a renúncia ou remoção do cargo”.
A comissão antiabuso do Vaticano foi criada por Francisco em 2013, sendo a primeira do gênero. Ela enfrentou duras críticas de sobreviventes de abusos, que dizem que ela não implementou reformas eficazes para proteger as crianças.
(Reportagem adicional de Joshua McElwee)
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Internacional
Chade: Foco dos EUA no petróleo visa retomar hegemonia industrial
A derrota dos Estados Unidos na disputa pelo protagonismo industrial e a ascensão da China no mercado mundial foram os diagnósticos do jornalista Jamil Chade, correspondente de veículos nacionais e estrangeiros e especialista em política internacional, em entrevista ao programa Natureza Viva, da Rádio Nacional da Amazônia, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
“Os americanos se deram conta que perderam, estão perdendo, a batalha pela hegemonia industrial com a China. Está claríssimo para eles, que essa hegemonia acabou, ela foi transferida para a China. A expectativa é de que a China tenha, até 2030, 40% da produção industrial do mundo”, afirmou, em entrevista à jornalista Mara Régia.
Mais Petróleo
De acordo com ele, que agora mora em Nova York, a tentativa de retomar a hegemonia industrial está por trás da decisão do presidente norte-americano Donald Trump em aumentar a produção e uso de petróleo em plena era de aquecimento global causado, principalmente, pelo uso de combustíveis fósseis.
“Segundo os americanos, a única forma hoje de barrar essa hegemonia é voltar de uma forma imediata a produzir localmente e a romper com as dependências externas. E aí, romper com as dependências externas e, acima de tudo, voltar a produzir, claro, com petróleo, com energia fóssil. Então, essa é a situação americana hoje. Ela é muito dramática, vai ter um impacto profundo no mundo inteiro”.
Para Chade, o interesse de aumentar a produção industrial estadunidense movida por petróleo explica a desregulamentação em curso do setor ambiental desde a primeira semana de governo Trump. “Eles olham para a regulação ambiental como uma ameaça, como um entrave econômico, como um problema para a economia”.
Arquitetura da opressão
Além da pauta ambiental, o correspondente deu destaque ao desrespeito aos direitos humanos, que já começou. Chade, que falou ao programa direto de um ponto na fronteira do Texas e do México. “A vida das pessoas [que tentam a imigração para os EUA] está sendo absolutamente transformada por decisões que obviamente têm um caráter político, mas acima de tudo discriminatório, racista”.
Depois da ascensão de Trump ao poder, quem chega no limite do México e dos Estados Unidos “não têm nem sequer mais um guichê para ir para apresentar os seus documentos e dizer: ‘olha, eu sou um refugiado’.”
O governo Trump anunciou que enviará 1,5 mil soldados extras para fronteira, além de dispor de mais recursos para ampliar a construção de um muro. “Um muro que, eu vou te contar, eu fui vê-lo. Ele é muito impressionante. É uma arquitetura realmente da opressão”, testemunhou o jornalista ao programa de Mara Régia.
O Programa Natureza Viva vai ao ar todos os domingos, às 9h, na Rádio Nacional da Amazônia e na Rádio Nacional AM de Brasília.
Internacional
Trump diz que não tem certeza se os EUA devem gastar com a Otan
O presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, disse nessa quinta-feira (23) que não tem certeza se o país deve gastar algo com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Os norte-americanos protegiam os membros da Otan, mas eles “não estavam nos protegendo”, afirmou Trump.
Anteriormente, o presidente norte-americano exigiu que outros membros da aliança transatlântica gastassem 5% de seu Produto Interno Bruto (PIB) em defesa — um aumento expressivo em relação à meta atual de 2% e um nível que nenhum país da Otan, incluindo os Estados Unidos, atinge atualmente.
“Não sei se deveríamos estar gastando alguma coisa, mas certamente deveríamos estar ajudando-os”, disse Trump a jornalistas após assinar um decreto no Salão Oval. “Estamos protegendo-os. Eles não estão nos protegendo.”
“Eles deveriam aumentar seus 2% para 5%”, disse, repetindo suas observações já feitas no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça.
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Internacional
Papa pede que acordo de cessar-fogo em Gaza seja respeitado
O papa Francisco comemorou a interrupção dos combates na Faixa de Gaza, neste domingo (19), após o acordo de cessar-fogo entre Israel e o grupo Hamas entrar em vigor, interrompendo uma guerra de 15 meses que levou devastação e mudanças políticas profundas ao Oriente Médio.
Após a oração semanal do Angelus, Francisco também pediu às pessoas reunidas na Praça de São Pedro que rezassem pela reconciliação e esperava pela libertação de todos os reféns que o Hamas ainda mantém em Gaza em troca da libertação de centenas de palestinos detidos em prisões israelenses.
“Foi anunciado recentemente que o cessar-fogo em Gaza entrará em vigor hoje. Expresso minha gratidão a todos os mediadores. É um bom trabalho mediar, para que a paz seja alcançada”, expressou o pontífice.
O pontífice continuou: “Agradeço aos mediadores e a todas as partes envolvidas neste importante resultado. Espero que, quando for acordado, seja respeitado imediatamente pelas partes e que todos os reféns [israelenses] finalmente possam retornar para casa para abraçar seus entes queridos. Rezo muito por eles, por suas famílias.”
“Espero que a autoridade política de ambos os lados, com a ajuda da comunidade internacional, possa chegar à solução certa para os dois Estados. Espero que todos possam dizer sim ao diálogo, sim à reconciliação, sim à paz. E oramos por isso, pelo diálogo, reconciliação e paz”, completou Francisco.
O Hamas, que controla o território costeiro de Gaza, deu início à guerra atacando cidades no sul de Israel em 7 de outubro de 2023, matando cerca de 1,2 mil pessoas e fazendo cerca de 250 reféns.
O bombardeio de Gaza por Israel em retaliação ao Hamas matou quase 47 mil palestinos, conforme autoridades de saúde de Gaza. Isso inclui milhares de combatentes do Hamas e os principais líderes militares do grupo, mas o escritório de direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) diz que a maioria das mortes que verificou são de mulheres e crianças.
*Com informações da Reuters e Vatican News
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